A CONTABILIDADE DE GESTÃO NO EQUADOR

 

 

 

Por: Kleber Becerra 

 

 

1.      NIVEL DE NORMALIZAÇÃO DA CONTABILIDADE DE GESTÃO

 

            No Equador há um plano contábil estruturado pela Superintendência de Companhias à que devem-se sujeitar as empresas em relação à sua vigilância e controle: isto é, empresas anônimas, limitadas, comandita por ações, de economia mista, sucursais no exterior, bolsas de valores, casas de valores (corretoras), administradoras de fundos de investimento e empresas qualificadoras de risco.

 

Por outro lado, a superintendência de bancos tem estruturado um plano contábil de aplicalção obrigatória para o sistema financeiro: Bancos privados e do estado, companhias financeiras, intermediarias financeiras, companhias de seguros, companhias de arrendamento mercantil e emissoras de cartões de crédito.

 

Para o caso das empresas e entidades do setor público, a Controladoria Geral do Estado tem estruturado um plano contábil obrigatório.

 

Contabilidade de custos: Não, os planos contábeis referidos, referem-se somente ao enfoque da contabilidade financeira, e não da contabilidade gerencial. As empresas industriais estruturam seus esquemas de custos em base aos parâmetros recomendados pela teoria e técnicas contábeis.

 

No Equador não existem princípios, normas e modelos recomendados por alguma entidade de caráter profissional, que englobem pautas a serem seguidas na contabilidade de custos. Dentro da profissão, esta função corresponde-lhe ao Instituto de Investigações Contábeis do Equador, que não tem-se preocupado por aquilo. Em conformidade com a lei, a SC é a encarregada de emitir normas contábeis e tampouco tem feito nada ao respeito.

 

Tratando-se de empresas comerciais, o inventário de mercadorias, envolve o custo de aquisição (pago a provedores, seguros, fretes, direitos arancelários, etc.).

 

No caso das empresas industriais, os inventários podem ser de matérias primas, produtos em processo, produtos terminados e acessórios. Os inventários de matérias primas e acessórios estão valorados ao custo de aquisição. Os produtos terminados e em processo tem o custo de fabricação e seus três componentes (matéria prima, mão de obra e custos indiretos de fabricação).

 

A avaliação do inventário final e determinação do custo de vendas, se faz em função de quaisquer dos métodos UEPS, PEPS e PROMÉDIO..

 

São poucas as empresas que utilizam o sistema de custo padrão. Geralmente calculam os desvios globais em matéria prima, mão de obra e custos indiretos de fabricação, porem segregam o desvio em termos de desvios em preços e volume.

 

Por outra parte, não é muito generalizado o uso do orçamento nas empresas, Tão só as empresas de grande porte e melhor organizadas, utilizam a ferramenta de planejamento e controle.

 

A norma geral, é que sejam rígidos, revistos semestralmente e geralmente são preparados pela Gerência Financeira, que tem a seu cargo o orçamento.

 

Em relação ao nível de cargos profissionais, no Equador existem os cargos de Contador Geral, Contador de Custos, Controlador, Auditor Interno, Tesoureiro e Gerente ou Diretor Financeiro.

 

Normalmente o Gerente Financeiro é o executivo de maior nível de quem dependem o Tesoureiro e o Controller. Do Controller depende o Contador Geral e este pela sua vez controla ao Contador de Custos.

 

Em relação aos modelos de contabilidade de custos, no Equador se utiliza a contabilidade de custos por ordem de produção e por processos, dependendo do tipo de negociação. Hoje em dia alguma empresas utilizam o sistema de custeio ABC.

 

Em termos gerais não existem técnicas de contabilidade de custos. Somente em entidades do setor petrolífero e de energia elétrica, aplicando técnicas de contabilidade de custos e mecanismos de controle estruturados em base à assistência técnica do exterior.

 

 

2.      PRÁTICAS QUE SE UTILIZAM NAS EMPRESAS EM RELAÇÃO À CONTABILIDADE DE GESTÃO.

 

Geralmente as empresas industriais de grande e mediano porte, empresas construtoras, especialmente as que tem orçamentos flexíveis revistos de forma contínua, são as empresas que utilizam uma contabilidade de custos.

 

Normalmente as diversas gerências e departamentos não costumam apoiar à preparação do orçamento e seu correspondente controle de execução, sendo que  para o Gerente Financeiro constitui uma árdua tarefa na preparação e análise dos desvios.

 

Na atualidade conhecem-se e estudam-se técnicas (nas universidades) tais como orçamento por programas, orçamento base zero, etc., em forma superficial. A Aplicação do orçamento se faz em algumas instituições públicas, porem o orçamento base zero não é aplicado na prática.

 

 

3.      ENSINO DA CONTABILIDADE DE GESTÃO

 

As universidades equatorianas são autônomas e estão regulamentadas pela Lei de Educação Superior. O Órgão máximo da Universidade Equatoriana se denomina CONESUP (Conselho Nacional de Universidades e Escolas Politécnicas). Existem universidades do Estado e Particulares. As universidades particulares ou privadas estão direcionadas pelo Estado e em base ao ambiente adequado e disciplinar outorgam a melhor educação do país.

 

Nos últimos anos vem tendo força o funcionamento de Institutos Tecnológicos que oferecem carreiras intermediarias.

 

As universidades equatorianas oferecem entre outras as seguintes carreiras profissionais com cinco ou seis anos de estudos.

 

Contador Público: Diploma de Contador Público Autorizado ou seu equivalente Contador Público Auditor, Licenciado em Contabilidade e Doutor em Contabilidade.

 

Economia: Diploma de Economista

 

Administração (Pública e de empresas): Diploma de Licenciado ou Doutor em Administração Pública e Engenheiro Comercial ou Licenciado em Administração de Empresas.

 

Nelas são ministradas disciplinas relacionadas à contabilidade de gestão ou similares. A formação mais integral na disciplina da-se na carreira de Contador Público. Na de economia e de administração pública da-se ênfase no estudo e aplicação do Orçamento de entidades públicas e da carreira de administração de negócios estuda-se com maior preferência a denominada “Contabilidade Administrativa”, isto é, custos para tomada de decisão.

 

Nos Institutos Tecnológicos, com três anos de estudos oferecem-se carreiras intermediarias que outorgam os diplomas de técnicos em Gestão Empresarial, Comercio Exterior, Banca e Finanças, nas que se recebem disciplinas relacionadas com a contabilidade de gestão.

 

As universidades e escolas politécnicas que oferecem Mestrados em Administração de Empresas igualmente contemplam na sua malha curricular disciplinas relacionadas à contabilidade de custos.

 

Na carreira de contador público

 

            Contabilidade de Custos I e II

            Contabilidade Administrativa

            Orçamento

            Evaluação de Projetos de Investimento

            Administração Financeira

 

Na carreira de Economia

 

            Contabilidade de Custos

            Orçamento do setor público

            Evaluação de projetos de investimento

 

Na carreira de Administração de Negócios

 

            Contabilidade Gerencial

            Orçamento

            Evaluação de Projetos de Investimento

            Administração Financeira

 

Na Pós-graduação de Administração de Negócios

 

            Contabilidade Administrativa

            Orçamento

            Evaluação de Projetos de Investimento

            Administração Financeira

 

Na Pós-graduação em Administração de Empresas

 

            Contabilidade Administrativa

            Evaluação de Projetos de Investimento

            Administração Financeira

 

Nos Institutos Tecnológicos de carreiras intermediarias

 

            Contabilidade de custos

            Contabilidade Administrativa

            Orçamento

            Administração Financeira

 

Os aspetos gerais que normalmente contem os programas das disciplinas são: Os objetivos, o número de horas totais do curso, descrição dos temas, o número de horas por tema, o livro texto e os livros de consulta.

 

Por outra parte, a nível universitário geralmente o sistema de ensino empregado tem relação com a exposição teórica do professor e sua correspondente aplicação prática, depois são enviadas tarefas aos alunos, sendo estas exercícios práticos tomados dos livros texto ou consulta. Em muitos poucos casos o método é mais participativo promovendo a discussão de um tema central.

 

Ao nível de pós-graduação, o método é mais participativo e se utilizam casos práticos, tomados das experiências de outros paises, nos quais atuam empresas de grande porta que servem como base para a elaboração de questionamentos ou guias de aprendizado.

 

Em relação às provas ou exames, normalmente em cada período (quinzenal, mensal, bimensal, trimestral, etc.), são de forma escrita, avaliado em relação da escala de aprovação de cada instituição de ensino, geralmente é sete (7) o mínimo de aprovação, sendo que alguns planos pilotos forma implementados em algumas universidades privadas com o fim de testar o nível de aprovação com cinco (5) sendo que o grau de exigência acadêmica era além das instituições de aprovação sete, tendo uma relação inversa entre aprovação e eficiência acadêmica do aluno.

 

Em relação à evolução futura previsível do ensino de contabilidade de custos ou de gestão no Equador, sendo realistas, estimam-se que no curto prazo a situação do ensino da mesma não tenha mudanças substanciais.

 

No Colégio de Contadores do Guayas e empresas particulares organizam esporadicamente seminários de curta duração sobre contabilidade de custos e disciplinas afines como orçamento, evaluação de projetos e administração financeira. Assistem geralmente contadores e administradores de empresas.

 

Finalmente os cursos de pós-graduação ditam disciplinas de custos enfocados na contabilidade gerencial, evaluação de projetos, orçamentos e administração financeira.

 

 

4.      PESQUISA E PUBLICAÇÃO DE CONTABILIDADE DE GESTÃO

 

Existem livros suficientes em espanhol provenientes do México (de autores mexicanos e traduções dos Estados Unidos), Argentina e Espanha. Há livros sobre contabilidade de custos, contabilidade gerencial, orçamento, orçamento base zero, orçamento por programas, evaluação de projetos, administração financeira,etc. Existe o texto denominado “Manual do Contador de Custos”, tradução de uma obra americana que constitui um excelente apoio conceitual.

 

Por outro lado, os artigos de revistas especializadas são poucos (nacionais). Para as monografias de pré-grado os temas são variados e abarcam a aplicação dos custos para tomadas de decisões, análise da relação custo-volume-lucro (break even), orçamento, sistemas de custos, custeio direto, por absorção, evaluação de projetos, administração financeira, etc.